As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
Comentários
aguardando que as palavras saíssem.
Vazio e sem paciência para aguardar,
Fechei os olhos na esperança de que o silêncio me pudesse inspirar.
Nenhuma palavra saiu, nenhum pensamento fruiu.
Deitei-me então, esperando que o sono me permitisse sonhar.
E eis então, que a inspiração surgiu.
Mas, tal como apareceu, também fugiu.
in:Palavras leva-as o Vento (ou não) Vido
Para que o vento não as leve ... deixo-as gravadas ao alcance de um olhar, para que perdurem no tempo, o tempo que cada um desejar.
Um abraço do Tio Óscar