Aqui à tempos vivi uma situação que não me deixou indiferente... Quando vim estudar para Lisboa, e na azáfama do dia a dia fui contactando com novas situações que para mim eram desconhecidas e que apenas conhecia quando a "caixinha mágica" da televisão as revelava. Pensava eu, erradamente, que a pobreza era coisa dos países de África e do terceiro mundo, e que no nosso país isso eram situações pouco normais...
Um dia fui acordado dessa minha realidade "virtual". Fiquei em choque! Estava eu a sair da estação do Metro no Cais do Sodré, quando uma senhora de idade, me aborda e pede gentilmente uma "moedinha" para comer... Não liguei, estava atrasado e o electrico não espera por ninguém. A situação repetiu-se por mais umas quantas vezes e não lhe dei a devida importância. A verdade é que nunca mais encontrei a dita senhora... Que lhe terá acontecido, pensei eu?
À poucos meses a minha pergunta teve resposta.
No mesmo sitio das outras vezes, lá estava a dita senhora, agora bem mais velha, o tempo passou (5 anos) mas nada se alterou. A senhora continuava a pedir, mas agora o seu apelo era mais forte, chorava porque todos os que passavam por ela se sentiam indiferentes com o que viam. Também eu! Mas um dia foi diferente. Nesse dia, fazia frio, o tempo estava escuro, um autêntico dia de inverno, eu estava com pressa (como sempre) pus a mão na mochila para tirar o passe, quando me recordo que nesse dia tinha colocado alguns mantimentos para o lanche na mochila (fruta, leite com chocolate e umas bolachas). Pensei, vou partilhar este meu "lanche" com a pobre senhora, assim fiz. A senhora não queria aceitar, mas eu insisti. Após alguma insistência da minha parte, aceitou, resignada...
Eu prossegui o meu caminho...
Durante esse dia, e ao contrário dos dias anteriores, não tive fome... Antes pelo contrário, sentia-me cheio interiormente, porque nesse dia fui mais além, vi no outro o meu "próximo"!!
Dias depois encontrei novamente a senhora, e via sentada num banco a partilhar a sua comida com outro necessitado. Certamente que partilhavam mais que alimentos, partilhavam a necessidade de mendigar!
Por hoje fico por aqui! Que esta minha experiência nos leve a descobrir quem é o nosso próximo...
Um abraço amigo;
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